Pode ler em paz, aqui não tem gatilho imoral

🏅 Código Éthos! #030

O medo não é causado, nem por coisas já sucedidas, nem as que em ato se sucedem, senão as que se esperam.

Platão

Décadas atrás, uma empresa decidiu contar uma história diferente sobre mau hálito.
Em vez de falar apenas em “hálito fresco”, introduziu uma palavra mais grave: halitose.

De repente, o problema deixou de parecer cotidiano.
Ganhou-se um ar clínico, ameaçador, com direito a campanhas que ligavam o tema à rejeição social e até ao risco de doenças.

O resultado?
A marca passou a vender para algo como 120 milhões de pessoas, quando apenas uma parte delas tinha, de fato, o problema em grau relevante.

Essa história nos traz: usar o medo na escrita estratégica (e em nossa comunicação) pode gerar muito resultado, mas abrir um dilema ético profundo.

Quando falamos de escrita estratégica, falamos também de decisão.
O cliente deseja algo simples: resolver o problema, fazer um bom negócio, reduzir risco, perceber uma emoção (pathos) com autoridade (éthos) na mensagem.

O papel de quem escreve não é manipular esse medo.
É organizar as informações de forma clara, honesta e, sim, emocionalmente relevante.

O medo entra aqui como um alarme.
Você mostra – com absoluta ética – o que acontece se a decisão não vem: a oportunidade que some, o custo da omissão, o prejuízo jurídico, o desgaste da marca.

O ponto ético aparece na “dose”.
Quando a narrativa exagera, humilha ou inventa ameaças, a escrita estratégica abandona a persuasão e cai no terreno da chantagem emocional.

Pense nas campanhas extremas que giram em torno do corpo humano.
Produtos que sugerem “cheiro de peixe”, slogans que insinuam que a mulher ou o homem só será desejados se comprar determinado item.

Além de péssimo, isso é preconceituoso e delimitado…


Passa a atacar sua autoestima para criar um problema que talvez nem exista — e, então, vender a solução.

Lembra a famosa combinação “última vaga” + “tem gente na fila”? 


Se o cenário é real, a mensagem informa e orienta: há pressão legítima de tempo, e o cliente decide com consciência.

Se a cena é teatro, o risco muda de lado.


Você até fecha uma venda, mas planta o germe da desconfiança que explode depois: no Reclame Aqui, na reputação.


Quem escreve de forma antiética não engana só o cliente, engana a própria consciência profissional.

Escrita estratégica de alto valor combina três movimentos.
Primeiro, nomeia o risco real (o que o cliente perde se continuar do mesmo jeito).

Depois, expõe a oportunidade concreta, sem maquiagem.
Mostra ganho mensurável, cenário provável, benefícios que, de fato, entregam valor.

Por fim, apresenta uma saída simples e executável.
O leitor sente que o texto não o empurra para o abismo, e sim para uma decisão mais lúcida sobre aquele problema.


Em vez de paralisar, traz luz para as consequências de adiar algo importante: a regularização jurídica, a revisão de contrato, o investimento em comunicação, a mudança de posicionamento.

No limite, a pergunta que orienta a sua escrita é direta: se o cliente tiver acesso a todas as informações sobre a sua oferta, a narrativa ainda parecerá justa?

Se a resposta for “sim”, usa-se a emoção com integridade.
Se a resposta vacila, vale voltar ao rascunho e reescrever.

Conselho de Mentor

1. Nomeie o risco com precisão.
Descreva o que o cliente pode perder se adiar a decisão: dinheiro, tempo, reputação, segurança etc. Um risco específico vale mais do que um susto genérico.

2. Conecte o risco à realidade do leitor.
Mostre uma situação concreta: o empresário que paga duas vezes mais por falta de assessoria, o líder que perde autoridade porque escreve de forma confusa. Sem caricatura, sem humilhação.

3. Apresente a oportunidade de forma objetiva.
Explique o que muda com a decisão certa: economias possíveis, proteção criada, ganho de clareza, melhoria de relações. Use números ou cenários verificáveis.

4. Use urgência ancorada em fatos.
Prazo legal, virada de tabela, limite real de vagas ou de agenda. Se a pressão de tempo existir, mostre a causa. Se não existir, não invente.

5. Aplique o “teste da transparência”.
Antes de publicar, pergunte: “se o cliente descobrir cada detalhe desta oferta, sentirá respeito ou sensação de truque?”. Ajuste o texto até que a resposta seja, sem dúvida, respeito.

Pensando em todo esse valor moral e nessa perspectiva ética com a escrita estratégica, convido você a participar da minha masterclass, no próximo dia 19 de novembro de 2025, às 20h. 

Sucesso sempre a você,

Diogo Arrais

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🏅 Código Éthos!

Escrita por Diogo Arrais

Todo domingo, às 19:00

Comunicação de Alto Valor

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