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O pobre de dinheiro e espírito não entra no clube, porque não compartilha.

🏅 Código Éthos! #028

A única coisa da qual se pode ser culpado é ter dado base ao desejo de alguém.

J. Lacan

Em 1975, em Menlo Park, um grupo de inquietos decidiu se encontrar para trocar peças, ideias e descobertas. Nascia o Homebrew Computer Club. 

Era em uma garagem, mesa marcada, boletins datilografados e uma regra: compartilhar. 

Dali, saíram Wozniak e Jobs, a demonstração do Apple I, o primeiro lote vendido para a Byte Shop, debates intensos como a famosa carta de Bill Gates aos “amadores”. 

E, claro, uma troca de conhecimento mais intensa do que acontecia no pub Oasis (que eles frequentavam)

O que isso ensina sobre presença digital?

Primeiro: presença é um ecossistema, não um post. O Homebrew tinha encontros, newsletter, demonstrações, bastidores no bar, uma cadência que mantinha o imaginário aceso. 

Na internet, a lógica é a mesma. Você precisa de “reuniões” (lives, entrevistas), “boletins” (newsletter, artigos, notas), “demonstrações” (cases, tutoriais, bastidores) e um “Oasis” — aquele lugar onde a conversa aprofunda (comunidades, comentários, DMs que viram projetos). 

Segundo: presença que cria valor começa no ângulo raro. Wozniak viu o Altair 8800 e imaginou um computador pessoal mais acessível. Essa curva de pensamento — sair da “praia da moda” e pescar em águas pouco povoadas — vale para conteúdo. 

Ao invés de repetir manchetes, extraia histórias dos detalhes. O cliente que quase desistiu e achou um caminho. A planilha que encurtou um processo. A objeção que virou tese. Ideias assim se recusam a ser esquecidas.

Terceiro: consistência vence ansiedade. O Homebrew se encontrava mês a mês, por mais de uma década. Essa cadência educa o público: as pessoas passam a saber quando e onde encontrar você e seu conteúdo. 

Segunda é dia de nota curta. Quinta é dia de bastidores. Um sábado por mês, live com convidados. Presença vira hábito do autor e do leitor.

Quarto: trocas abertas aceleram autoridade. O clube cresceu porque ninguém ficava guardando o ouro. Mostravam esquemas, discutiam bugs, apontavam caminhos. 

Na sua presença digital, abra o quadro branco. Explique como raciocina. Mostre critérios, não só opiniões. Quando a audiência entende seu método, confia nas suas conclusões.

Quinto: pequenos marcos, grandes portas. A carta de Gates, as demonstrações no SLAC, a compra dos primeiros Apple I pela Byte Shop — cada peça puxou outra. Na prática, isso significa construir “pontos de prova” empilháveis: um case bem contado puxa uma entrevista; a entrevista vira convite para um palco; o palco abre uma parceria. Presença digital deve criar pontes.

E quando o assunto é conteúdo nas plataformas?

Em vez de “veja nosso novo produto”, explique a hipótese que você invalidou. Em vez de “dica do dia”, ofereça uma medida: o que considerar, o que descartar, como priorizar. Quando você nomeia o processo, o mercado enxerga método (e método cria preferência).

Há também a camada da hospitalidade. O Homebrew acolhia iniciantes e veteranos. O tom não era exibicionista, era de oficina. Leve isso para seus comentários, suas respostas, suas DMs. A presença que convida faz o público voltar. A presença que ensina faz o público recomendar.

E a métrica?

Não confunda alcance com avanço. Alcance mede volume; avanço mede densidade: quantas conversas viraram reuniões? Quantos conteúdos viraram referências salvas? Se o seu conteúdo começa a circular por WhatsApp com a frase “vale guardar”, você está na direção certa.

Presença digital que constrói autoridade segue a mesma lógica do Homebrew.

Conselho de Mentor

Conceber a Presença: desenhe seu “clube”. Quais temas serão abordados por você? Como tudo isso será organizado em um calendário que garanta constância?

Comunique-se bem: escreva para ser lembrado. Títulos que prometem clareza, parágrafos que respeitam o tempo do leitor, exemplos que iluminam decisões. Termine cada peça com um próximo passo concreto, ou seja, o seu e o do público.

Lembre-se: presença digital é a arte de ocupar as mesas certas com as histórias certas. Não depende de sorte. Depende de desenho, disciplina e generosidade intelectual.

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🏅 Código Éthos!

Escrita por Diogo Arrais

Todo domingo, às 19:00

Comunicação de Alto Valor

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