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Nesta cena agora, você se aplaudiria?
🏅 Código Éthos! #029

“Temos dois ouvidos e uma boca para ouvirmos mais e falarmos menos.”
Era para ser uma conversa rápida antes da reunião. Um sorriso breve no corredor, um aceno, e o clima do time mudou.
A tensão caiu meio tom.
É curioso como, às vezes, o que nos move é o gesto mínimo que regula o ambiente e autoriza o diálogo.
É aí que a comunicação — antes de ser técnica — revela sua natureza: pulsação, presença, fisiologia.
Mara Behlau, fonoaudióloga e especialista em desenvolvimento da comunicação de líderes, parte desse ponto: comunicar é existir.
Desde o primeiro choro do recém-nascido — o agudo da dor, o compasso da fome, o respiro do prazer — já traduzimos o mundo em voz e corpo.
Não é opcional. Não existe “não comunicar”.
Há, sim, bons e maus sinais sendo emitidos o tempo todo.
Crescemos. A fala se expande.
Aos quatro anos, uma criança domina um universo de palavras capaz de improvisar partidas de “futebol de rua”: emoção solta, drible, acaso.
No trabalho, porém, precisamos da Olimpíada — preparo, critério, método. É aqui que a Dra. Mara enquadra a comunicação profissional: menos improviso, mais engenharia.
A obra ergue-se sobre pilares, fincados num terreno decisivo: a escuta. O primeiro pilar é o Objetivo e seu condutor lógico — o que é relevante, em que ordem, com que nexo.
O segundo é o Receptor — valores, sensibilidades, necessidades. O terceiro, a Mensagem — verbal e não verbal, palavra e timbre, frase e olhar. Sem o solo da escuta, pilar vira totem e desaba ao primeiro vento.
Essa base muda tudo.
Porque mais de metade do que dizemos, lembra a Dra. Mara, não nasce da palavra. O corpo dita o subtexto. Quando gesto e discurso entram em conflito, o corpo vence. Por isso, preparação não é preciosismo: é respeito ao outro.
Trinta segundos de ensaio salvam trinta minutos de ruído.
O efeito não é apenas semântico. É fisiológico. Um semblante acolhedor reorganiza batimentos, reduz defensas, convida o cérebro a cooperar. A ministra Cármen Lúcia, citada por Mara em seu belíssimo TED X Governador Valadares, cuida da palavra como quem cuida de gente: cada sílaba tem consequência.
Comunicação é identidade cultural em ato.
Da ideia à ação, há uma ponte: ideia; pensamento; palavra; gesto. O erro comum é supor que o outro “pegou” a mensagem. Inferimos, não confirmamos.
Sem esse rito de confirmação, líderes gastam energia para corrigir mal-entendidos que poderiam ter sido evitados.
A escuta, diz a especialista, é treino contra a nossa preguiça cognitiva. Expor-se ao diverso — político, estético, social — é ginástica neuronal. Ganha-se repertório, empatia, plasticidade.
E, de bônus, ambientes mais leves: quando alguém nos dá o presente do tempo e da atenção, respondemos com cooperação.
No território da liderança, quatro verbos organizam o jogo. Selecionar: filtrar o ruído e deixar passar o que move. Inspirar: acender desejo de agir.
Regular: cuidar das emoções — as suas e as da equipe — para que aprendizado e desempenho aconteçam.
A pergunta que fica é simples e poderosa: se você assistisse à sua própria comunicação de fora, teria orgulho do que vê?
Conselho de Mentor
Antes da próxima conversa importante, faça o “Ritual 3×30”: em 30 segundos, defina o objetivo; em 30, descreva o receptor (valores, resistências); em 30, ensaie a abertura e a pergunta de confirmação (“faz sentido até aqui?”).
No encontro, vigie o corpo: postura, silêncio, respiração. Ao final, peça uma síntese do outro em uma frase. Você reduz ruído, aumenta aderência e transforma comunicação em resultado.
Se você chegou até aqui, existe uma oportunidade: no próximo dia 19 de novembro, às 20h, ministro uma Masterclass, gratuita, sobre Comunicação Estratégica para Profissionais Ambiciosos.
Diogo Arrais
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🏅 Código Éthos!
Escrita por Diogo Arrais
Todo domingo, às 19:00
Comunicação de Alto Valor
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