História Rica ou a Criança Pobre: Você Escolhe

Por que algumas histórias nos marcam para sempre? 

A resposta está na escrita estratégica, uma arte que vai muito além de colocar palavras ou o roteiro no papel. 

Para Andrew Stanton, o aclamado diretor e roteirista por trás de obras-primas da Pixar como Procurando Nemo e WALL-E, o segredo está em criar uma experiência emocional com o público.

Stanton é uma lenda no mundo da animação. 

Ele é um dos primeiros funcionários da Pixar e uma força criativa que ajudou a moldar a forma como as histórias são contadas no cinema moderno. 

Suas ideias são uma fonte inesgotável de inspiração para qualquer pessoa que queira criar uma comunicação memorável.

A Promessa de um Amigo

Andrew Stanton nos lembra de uma figura que foi um mestre da conexão: Fred Rogers, mais conhecido como Mr. Rogers. 

Para quem não o conhece, ele foi o apresentador de um icônico programa de televisão infantil nos Estados Unidos, que fez parte da vida de milhões de crianças por mais de 30 anos. 

Mr. Rogers começava cada episódio de seu programa prometendo algo ao público. Por exemplo, que iria visitar uma fábrica de lápis.

Essa promessa inicial era um contrato com o espectador. No entanto, o que fazia Mr. Rogers ser tão genial era a jornada até lá. 

No meio do caminho, ele sempre encontrava algo inesperado, uma surpresa, e aumentava o prometido.

A promessa era o ponto de partida, mas a jornada era a mágica: “Será que vamos mesmo encontrar o que você pensa na fábrica de lápis?” 

O ponto de virada para nós é entender que a promessa inicial não é o destino final, mas o gatilho para uma experiência mais profunda.

E tudo isso... claro! Está  na escrita estratégica do roteiro.

A Lição de Stanton

Stanton cunhou a ideia de "2 + 2". Em vez de dar a resposta pronta ("2 + 2 = 4"), você dá as pistas ("2 + 2") e deixa o público fazer a conta. 

As pessoas amam se sentir inteligentes, e essa inferência ativa cria um envolvimento emocional e intelectual muito maior. 

É a diferença entre "contar" e "mostrar".

Mostrar: ele apenas iria até à fábrica. Contar: envolver as surpresas emocionais do caminho.

Na Sua Vida Prática

Ao criar um texto e um roteiro (que possivelmente será usado em uma reunião, apresentação ou até um vídeo), comece com uma promessa que capture a atenção. 

Em vez de simplesmente declarar sua tese, apresente o problema ou a pergunta central. 

Em seguida, forneça as informações, os dados e as histórias que permitem ao seu público "montar o quebra-cabeça" por conta própria. 

Isso transforma sua mensagem de uma simples "declaração" em um diálogo ativo e inesquecível.

Conselho: antes da comunicação de impacto, escreva de modo estratégico.

O Motor de uma Boa História

Para Stanton, toda história tem uma espinha dorsal: o desejo interno que move um personagem. 

Em Procurando Nemo, a espinha de Marlin é "não deixar que nada de ruim aconteça com o Nemo". 

Esse desejo motiva todas as suas ações, criando uma trilha cheia de conflito e crescimento.

Uma história sem uma "espinha" ou “uma estrutura para criar emoção com o público” é como um carro sem motor: pode até ter uma boa aparência, mas não vai a lugar nenhum. 

Faça Assim

Antes de começar a escrever, defina a espinha da sua mensagem:

Se você está escrevendo sobre liderança, por exemplo, qual é o sentimento que você quer deixar no seu público? Ética, Empatia, Resiliência?

Qual é o problema que você quer resolver? Ter essa clareza garante que sua escrita seja coesa, direcionada e com significado.

Conselho 2: amarre a arte de contar histórias ao sentimento (emoção) que você quer deixar.

O Ingrediente Mágico

A escrita estratégica, à luz de Stanton, é criar laços emocionais com quem lê e ouve. É criar uma narrativa que leve o leitor a uma descoberta, a um insight que o faça exclamar: 

"Uau, isso faz todo o sentido!"

Não se contente em apenas informar. Use suas palavras para criar uma experiência que evoque uma emoção, que desperte a curiosidade e que inspire. 

Se você se acostuma a criar o suspense, fazendo com que as pessoas se sintam numa jornada em que elas participem ativamente desse caminho, sim! Elas jamais se esquecerão daquele texto.

Lembra aquela criança interior sua, vibrante quando ia contar histórias com todo aquele clímax e envolvimento? É isso o que revoluciona a criatividade e a estratégia na escrita.

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Escrita por Diogo Arrais

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