Ajeite dois degraus apenas e você será aplaudido

Em tempos de tempestades de dopamina, vícios diversos e uma cultura de comparação alimentada pelas mídias sociais, a frase acima, atribuída a Platão, soa como um diagnóstico contemporâneo.

A batalha pela conquista de si mesmo, nos tempos modernos, dá-se nos bastidores da mente: entre notificações, métricas de vaidade e a busca frenética por aprovação instantânea.

Vou omitir o nome real do mentorado abaixo, mas a história tem uma grande lição.

João Pedro trabalhava empresa de tecnologia. Jovem, bem-formado, fluente em língua inglesa, liderava projetos estratégicos com criptomoedas. 

Seu gargalo? Bastava a luz de uma câmera ou a formalidade de uma reunião de diretoria para que a segurança evaporasse.

A voz tremia. As mãos suavam. As palavras saíam como um manual de instruções mal diagramado: técnico, confuso, sem alma.

O curioso? No ambiente informal, João Pedro era outro. Conversava com clareza. Sabia envolver as pessoas. Tinha humor e senso crítico. 

No entanto, ao assumir o papel de orador oficial, vestia uma armadura de frases feitas e expressões genéricas.

Esse comportamento é comum, infelizmente.

Muitos profissionais constroem carreiras sólidas… mas, diante da necessidade de comunicação de impacto, falham. 

Aliás, o maior problema de João Pedro não era a falta de técnicas de oratória. Era a falta de alguns pilares bem delineados.

Sua comunicação era o reflexo de um posicionamento ainda imaturo. Sua marca pessoal… difusa. Sua escrita de discurso… carregada de jargões e sem estrutura de impacto.

Durante um processo de desenvolvimento, o primeiro passo foi uma pergunta simples, mas desconcertante:

“Pelo que você realmente quer ser lembrado?”

João Pedro não soube responder de imediato. E é aí que muitos tropeçam: querem falar bem, mas não sabem ainda quem são como profissionais.

O trabalho começou, então, pela construção de posicionamento. Definir a essência da sua trajetória. 

Organizar as bandeiras que sustentariam sua autoridade. Limpar o discurso de tudo o que era excesso.

Na sequência, veio o exercício de escrita estratégica. Cada apresentação passou a ter começo, meio e fim. Com uma ideia central. Com dados traduzidos em imagens concretas. Com perguntas provocativas.

Só depois disso… foi possível avançar para o campo da comunicação de impacto propriamente dita.

A naturalidade foi sendo reconquistada, não por memorização de frases, mas por segurança interna. 

João aprendeu a usar o olhar, as pausas, o ritmo de fala.

Descobriu que o impacto verdadeiro não vinha de elevar o tom… mas de sustentar a intenção.

Na primeira apresentação após esse processo, a reação foi diferente.

Diretores que antes mal levantavam os olhos passaram a interagir. A discussão foi prolongada. As decisões, aceleradas. E a conversão (o fechamento dos negócios) uma consequência certa.

João entendeu, enfim, que comunicação de impacto não é um dom reservado aos extrovertidos. É uma construção estratégica que começa muito antes da fala.

E depende de três pilares essenciais:

1. Clareza de Posicionamento
Nenhuma técnica de comunicação salva um profissional que ainda não decidiu qual lugar deseja ocupar na memória dos outros.
Antes de querer falar bem, é preciso decidir: Que imagem quero projetar?

 2. Escrita Estratégica do Discurso
Impacto não nasce da improvisação sem direção: uma abertura que prenda, um desenvolvimento que eduque e uma conclusão que provoque movimento.

3. Reconquista da Naturalidade
O público reconhece de longe quem está “representando”. A naturalidade é fruto da segurança. E segurança… nasce da harmonia entre essência, mensagem e expressão.

A grande lição?

A comunicação de impacto é o resultado visível de uma conquista invisível: a vitória sobre os próprios medos, vícios de linguagem e a eterna tentação de ser apenas mais uma voz entre tantas.

O mundo não precisa de mais discursos vazios. Precisa de profissionais que saibam transformar presença em influência.

E, como Platão antecipou séculos atrás…
Essa conquista começa dentro.

🏅 Código Éthos!

Escrita por Diogo Arrais

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